Sagrado Feminino – “Oxum” é um termo que vem da língua iorubá, tendo como origem o nome do rio Osun, localizado no sudoeste da Nigéria. Não por coincidência, Oxum é considerada dona das águas doces tanto no Candomblé quanto na Umbanda (religião na qual é sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, santa católica). A orixá representa o poder feminino através do arquétipo da mulher elegante e amorosa, mas também inteligente, determinada, persistente, desinibida e senhora da fertilidade. Esse último aspecto inclusive lhe associa à maternidade, já que é considerada a protetora do feto durante o processo de gestação, além de possuir forte afeição por crianças. Outros aspectos que relacionam-se com ela são a riqueza, o amor, a prosperidade, a beleza e a sensualidade.
Mãe Walquíria d’Oxum, integrante do conselho religioso da Casa de Oxumaré e mãe de santo há quase 60 anos, conta durante o evento sobre os atributos principais da orixá e sua importância para o Candomblé. Segundo ela, Oxum, por ser associada a água doce, é a senhora das águas da vida, já que a substância é essencial para a perpetuação dos seres vivos no planeta. “Ela é dona da fertilidade, protetora do amor, inventora do Candomblé, é menina dos olhos de Oxalá [orixá que está acima dos demais na hierarquia divina]. Oxum é a rainha das águas doces, sem ela ninguém vive”, conta a mãe de santo.
No Brasil, Iemanjá, outra orixá das religiões de matriz africana, também recebe o título de “rainha das águas”. No entanto, os praticantes do Candomblé brasileiro associaram esta orixá às águas do mar, deixando as águas dos rios em domínio de Oxum. Mas durante sua palestra, a princesa da cidade de Osogbo (Nigéria), Adedoyin Talabi Faniyi, alta sacerdotisa de Oxum e mestre em estudos africanos pela Universidade de Ibadan, ressalta que em seu país, Iemanjá também é um orixá de rio. Desta forma, a diferença seria entre o tipo de rio, sendo o de Oxum mais sinuoso e de regiões do interior, enquanto que os de Iemanjá são os que correm em regiões mais próximas do mar.
Fonte: Ciência e Cultura (UFBA)
Lembrar, Sampa, que, numa cidade de tantas águas doces, todo mundo é d’Oxum.
Em algum futuro, haverá que desenterrar seus rios, libertar essa alma paulistana.